Arqueologia do Castrum Dussen

Archaeology of the Castrum Dussen

  • Nome histórico: Castrum Dussen.
  • Designação popular: Não é do conhecimento popular.
  • Outras designações históricas:
    • Forte Van Der Dussin.
    • Forte Van Der Dussen
  • Referências / identificação: Referência documental, e iconográfica. Obras de defesa não identificadas.
  • Capitania: Pernambuco.
  • Estado: Pernambuco.
  • Município: Cabo de Santo Agostinho.
  • Localização: (aproximada) nas terras baixas próximas ao pontal do Cabo de Santo Agostinho, nas imediações dos bancos de areia que se formam na enseada protegida pelos arrecifes.
  • Localidade: obras de defesa ainda não identificadas.

Histórico

Até 1634, o porto do Cabo de Santo Agostinho continuava sendo a porta principal por onde os pernambucanos podiam receber suprimentos, socorro de guerra. O domínio holandês já ganhara uma maior dimensão, mas lhes interessava ocupar todo Pernambuco, atingir os engenhos do sul da capitania, fechar o porto aos pernambucanos. A defesa de Nazaré, capaz de mobilizar companhias de emboscada e de garantir o porto, representava um empecilho àquelas pretensões. Após a derrota sofrida na tentativa de 1632, optaram os holandeses por usar de uma estratégia visando desviar a atenção das tropas de defesa. Em 1634, o general Van Schkoppe desembarca na Paraíba e dá início a uma operação que sugere a intenção de sitiar o Forte de Cabedelo. Isto atrairia contingentes pernambucanos para o norte, deslocando-se a pé pelo interior. Após alguns dias em que ocupara seus homens armando barracas e abrindo trincheiras, o general embarcou às pressas suas tropas, em demanda ao Cabo de Santo Agostinho.

O Forte de Nazaré, comandado então por Pedro Correia da Gama, contava com cerca de 350 homens, grande parte pescadores, que moravam na área e que acorreram ao Forte de Nazaré ao ser dado o alarme quando da chegada da frota holandesa. Como previra Duarte de Albuquerque Coelho, a posição do forte não permitia a defesa da povoação do Pontal. Mas os holandeses não ousaram aventurar-se atravessando a barra de acesso ao porto, então com uma única passagem conhecida. Por duas vezes desembarcam em praias próximas e marcharam para o Pontal. Estas tentativas não surtiram o efeito desejado. Batidos pelas tropas de terra, por duas vezes foram obrigados a retroceder e reembarcar.

Numa terceira tentativa, parte da frota passou a barra, ainda que sob o fogo das baterias, e dirigiu-se ao Pontal. Nesta ação, a perigosa barra os fez perder 3 navios, os demais (9) abriram fogo contra a povoação. Antes de fugirem, os moradores atearam fogo às casas e armazéns e em navios que se encontravam no porto. Logo os holandeses trataram de deter o fogo, buscando salvar a carga que havia. Dominaram o porto e a povoação, mas não podiam se aventurar e sair da barra sem grandes danos. Assim ficariam sem comunicação com o restante da frota se não contassem à época, com o apoio de Calabar, que era um homem instruído, educado pelos padres da Companhia de Jesus, bom conhecedor da região, e que havia, de início, participado das Companhias de emboscada que faziam a Resistência. Calabar ousou buscar passagem através da barreta mais ao sul, considerada até então impraticável. Durante a maré baixa, alargou um pouco a passagem a golpes de marreta e picão. Através dela pode conduzir, rebocados e com carga aliviada, os navios holandeses, para grande surpresa da tropa que sob o comando de Matias de Albuquerque e do conde de Bagnuolo, chegava para acudir o Pontal. Os reforços da terra chegaram a tomar uma bateria construída às pressas pelos holandeses, assim como as trincheiras que os holandeses haviam aberto. Um falso alarme, entretanto, produziu efeitos desastrosos na tropa dos da terra, promovendo a desordem e o desbaratamento das forças. Desta forma permaneceram os holandeses senhores do porto e do Pontal, enquanto que os da terra mantinham o domínio da barra e do Forte de Nazaré. Mas para os luso-brasileiros o importante porto fora perdido. Mesmo depois que a frota partiu rumo a Recife, deixando ali cerca de 2000 homens, foram infrutíferas as tentativas luso-brasileiras de recobrar o porto e o Pontal.

Em 1635, o Forte de Nazaré caiu em poder dos holandeses, que fortificaram a área. Só muito mais tarde, à época da Campanha da Restauração a área do Cabo de Santo Agostinho retorna às mãos dos luso-brasileiros.

A 3 de setembro de 1645 o Forte Van Der Dussen ou do Pontal, então uma construção em alvenaria, foi tomado pelos portugueses. Foi seu comandante o holandês Hocchstraten.

Comentários

VARNHAGEN, em seu livro História Geral do Brasil Vol. I, Tomo 2, apresenta uma 'Planta de porto do Cabo de Santo Agostinho, gravada segundo desenho da época. 1636'. Nesta iconografia está registrado 'Forte projectado'. Pela localização, este forte projetado (1636) bem poderia corresponder ao Forte Dussen.

Na área foram localizadas ruínas de diferentes obras de defesa, entretanto a identificação de cada uma delas está sendo feita na medida em que se analisa o conjunto.

  • Quanto ao tombamento: Não é tombado.
  • Estado de conservação: Destruído. Provavelmente restam ruínas deste forte, que ainda não puderam ser identificadas, no conjunto dos vestígios das obras de defesa localizadas na área do Cabo de Santo Agostinho.
  • Tipo de trabalho realizado: Levantamento textual, prospecções arqueológicas.
  • Fatores de destruição: (provável) Agentes naturais.
  • Medidas sugeridas: Prospecção arqueológica sistemática, específica.
  • Data mais recuada: Primeira metade do século XVII.
  • Comentários com base na prospecção arqueológica: Este forte dominado pelos batavos está assinalado na cartografia holandesa; por sua localização bem poderia estar relacionado ao Forte do Pontal de Nazaré.