Arqueologia do Engenho Boa Vista

Archaeology of Boa Vista Mill

  • Nome histórico: Engenho Boa Vista.
  • Nome local: Engenho Boa Vista.
  • Localidade: Engenho Boa Vista.
  • Município: Cabo de Santo Agostinho.
  • Estado: Pernambuco - Brasil.
  • Capitania: de Pernambuco.

Histórico

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As terras do Cabo de Santo Agostinho eram das mais cobiçadas desde o início da colonização. Terras férteis, com muita água. Ali se podiam implantar muitos engenhos de cana. Os contínuos vales e mesmo as encostas onduladas, favoreciam o plantio, enquanto que as terras mais altas garantiam as matas, tão necessárias aos engenhos, para suas fornalhas.

Os rios, permitiam o uso das rodas d'água para mover as moendas. Facilitavam ainda o transporte do açúcar para os portos de embarque. Desde o primeiro século da colonização, tão logo conseguiram expulsar os nativos que lhes faziam frente, foram instalados engenhos no Cabo. Logo a produção daqueles novos engenhos fazia face à produção da várzea do Capibaribe, terra dos mais prósperos engenhos de Pernambuco. Cobiçados também pelos holandeses, os engenhos do Cabo estão descritos nos relatórios de conquista, onde se pode observar sua admiração pelas várzeas bem plantadas, e capaz de produzir 5.000 a 6.000 arrobas e açúcar.

A destruição promovida em grande parte dos engenhos do Cabo durante as lutas contra os holandeses, o confisco a falta de experiência holandesa com o fabrico do açúcar, nada disso impediu que no Cabo, a tradição na produção de açúcar persistisse nos séculos subseqüentes. Mudaram as técnicas de plantio, a maquinaria da produção, as relações de trabalho, e o modo de vida. Uma lenta mudança, que de alguma forma fazia persistir muitos padrões, e que de certa forma não se afastava de suas raízes.

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Uma área, que ao contrário das várzeas do Capibaribe, foi menos afetada pela expansão urbana. Assim, o Cabo de Santo Agostinho conservou a possibilidade de resgatar muito de sua história, da história de seus engenhos, da história de seu povo, através dos séculos. Embora o apelo emocional para a recuperação de estruturas mais antigas seja muito forte, cada um, à sua época, representa as conquistas de seu tempo. Deste modo, de acordo com o que se tem proposto, de recuperar, de preservar, no mínimo um exemplar de cada momento da história, recompondo seu contexto local, o complexo da casa-grande do Engenho Boa Vista, se mostra como de grande interesse, como representante do final do século XIX e início do XX.

O Engenho Boa Vista limita-se com as terras do mais antigo dos engenhos do Cabo, o Engenho Velho. Limita-se ainda com os engenhos Cedro, Trapiche e Santo Inácio. Em Suas terras, à altura do km. 28, da Estrada de Ferro do S. Francisco, foi construída uma capela sob a invocação de Santa Ana.

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A atual casa grande do engenho pelo que se pode perceber através de uma avaliação preliminar da área, não apresenta traços de ter sido construída nos primeiros séculos da colonização. É antes um importante exemplar da vida, da sociedade canavieira de Pernambuco nos séculos XIX e início do XX.

O complexo em torno da casa-grande inclui um 'arruado' de casas conjugadas, normalmente referido como 'senzala', uma chamada 'casa de hóspedes', e pequenas estruturas, possivelmente relacionadas não às atividades produtivas, mas possivelmente a equipamentos que já àquela época foram levados ao campo.

No interior da cerca que limitava a área reservada à casa-grande, vestígios de algumas estruturas, sugerem que ali existira um rebuscado jardim, com passeios e lagos. Ainda na área em torno da casa-grande, outros vestígios, estes revelando sólidas construções, representam, possivelmente, estruturas bem mais antigas.

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  • Data última avaliação: fevereiro de 2000
  • Restrições à visitação: Área de possível acesso público.
  • Ocupação atual do sítio: À época da avaliação a área se encontrava abandonada.
  • Quanto a medidas adotadas: A implantação na região do Cabo de Santo Agostinho do Complexo Portuário de Suape, levou a adoção de medidas visando a proteção dos monumentos da área. Embora algumas ações tenham sido implementadas, no sentido de 'restaurar' algumas das capelas da área, na realidade o abandono que se segui, recrudesceu o processo de deterioração. A desapropriação de vasta área,e a retirada da população fez desaparecer o mínimo de preservação que existia, a menos pelo uso. Diferentes projetos envolvendo a Empresa Suape, e o Governo Estadual, buscam soluções para a preservação e uso de vários monumentos da área.
  • Estado de conservação: Atualmente as diferentes estruturas do engenho se encontram em processo de arruinamento. Já sem telhado, a casa grande corre iminente risco de desabar.
  • Fatores de destruição: Atualmente tanto a ação natural quanto a antrópica são os fatores atuantes na destruição dos remanescentes deste sítio.
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  • Medidas sugeridas: Considerando que o Engenho Boa Vista bem poderia servir como representante dos engenhos do final do século XIX e início do XX, na área da mata sul do Estado, recomenda-se sua recuperação e preservação, recompondo seu contexto local, pois se tratam de elementos de grande interesse para aquele momento da história.
  • Referências anteriores: Referência documental; sua identificação é mantida através da tradição popular e documental.
  • Natureza dos vestígios: Grande parte de remanescentes arquitetônicos e artefatos arqueológicos.
  • Tipo de trabalho realizado: Prospecção superficial, avaliação documental
  • Fotografado em: Fevereiro de 2000
  • Data mais recuada: século XIX.