Arqueologia do Forte das Cinco Pontas

Archaeology of the Five Points Fort

  • Nome histórico: Forte das Cinco Pontas.
  • Designação popular: Forte das Cinco Pontas.
  • Nome de tombamento: Forte das Cinco Pontas.
  • Outras designações históricas:
    • Forte Frederik Hendrik;
    • Fortaleza de São Tiago das Cinco Pontas;
    • Forte Frederico Henrique;
    • Forte Frederick;
    • Heinrich Trots Den Duivel (Desafio Ao Diabo);
    • Vijfhuck (Cinco Pontas);
    • Fortaleza de Frederico Henrich.
  • Número de registro do sítio UFPE/LA: PE 0209-Ls.
  • Referências / identificação: Referência documental, localização conhecida.
  • Capitania: Pernambuco.
  • Estado: Pernambuco.
  • Município: Recife.
  • Localização: Centro do Recife.
  • Localidade: Bairro de Santo Antônio, à época nos limites sul da cidade Maurícia.
  • Latitude: 008o 04' 17,1" Sul.
  • Longitude: 034o 52' 55,1" Oeste.
  • Histórico

    Antes da invasão holandesa a Pernambuco, a Ilha de Antônio Vaz era muito pouco ocupada. Além de um convento Franciscano, havia ali apenas alguns armazéns e casas esparsas de moradores. Com a invasão holandesa, o convento foi ocupado, transformando-se no grande quartel, que abrigava parte das tropas. Abrangendo o antigo convento, foi construído o forte Ernesto, no norte da Ilha.

    Com a implantação do centro administrativo holandês nas proximidades do porto principal, nos 'Arrecifes' ou no 'Povo", foi na Ilha de Antônio Vaz e no Recife, que se concentrou grande parte da população. De início foi o Recife que mais se desenvolveu; na Ilha de Antônio Vaz, até pelo menos 1635, mantinham-se principalmente atividades rurais. Nos primeiros anos do domínio holandês, enquanto atuavam as forças da Resistência, era perigoso para os holandeses, viver na ilha. Os moradores de Antônio Vaz contavam com o apoio do Forte Ernesto, o que não se mostrava suficiente para defendê-los dos ataques surpresa das tropas de emboscada. Construíram então, em torno da Ilha, paliçadas e redutos para defendê-los contra as sortidas da 'guerra brasílica' imposta pelos da terra.

    Por outro lado, do ponto de vista estratégico, a Ilha representava um dos principais pontos a serem defendidos pelos holandeses. Em primeiro lugar, proporcionava condições para se estabelecer uma defesa com base no cruzamento de fogo entre suas obras de defesa, de modo a melhor poder impedir o avanço inimigo.Em segundo lugar, mas não menos importante, garantia o abastecimento de água potável ao grosso das tropas.Toda a região que envolvia o porto o Recife correspondia a um grande areal, recortado por gamboas, pontilhado de áreas alagadas.A proximidade com o mar, as terras baixas alagadiças, a influência que recebia das marés, sua própria constituição geológica, tornava a região pobre em água potável.As cacimbas, em geral, tinham água salobra e os habitantes daquele 'Povo', quase sempre recorriam à Olinda, onde iam buscar água para beber. Uma exceção a este quadro eram as Cacimbas de Ambrósio Machado, possivelmente as únicas conhecidas à época, que forneciam boa água e deviam ser bem defendidas.

    Em outubro de 1630, no mesmo ano em que se iniciara o domínio holandês no Brasil, Theodoro Waerdenburch, o comandante das forças holandesas de terra, ordenou a construção de um forte na ponta sul da Ilha de Antônio Vaz (Ilha de Santo Antônio).

    Foi encarregado da traça, o engenheiro Commeresteyn.

    A posição escolhida, permitia ao forte Frederick Henrich cobrir dois objetivos principais: o porto, com a defesa da 'barreta dos afogados", e garantir o domínio das chamadas 'cacimbas de Ambrósio Machado'.

    Próximo às cacimbas foi instalado o Forte Frederick Henrich que em decorrência de sua forma pentagonal, ficou conhecido como Forte das Cinco Pontas. O forte em terra, projetado pelo engenheiro Tobias Commersteijn, foi executado por Pieter van Bueren. Por outro lado, a construção deste novo forte preocupava os luso-brasileiros.

    Em agosto desse mesmo ano de 1630, os luso-brasileiros atacaram o forte ainda em construção, tentando arrasá-lo, sem, no entanto, conseguirem êxito, apesar de uma árdua luta de 2 horas.

    Os holandeses, temerosos de novo ataque, decidiram construir um Reduto auxiliar da defesa, uns 400 metros mais ao sul do Forte, denominando-o de Reduto Amélia ou Emília.

    Em sua primeira feição, as muralhas do Forte Frederico Henrique pouco ultrapassavam os 12 a 13 pés de altura. Construído em terra, logo os invernos deterioravam suas estruturas.

    Muralhas desgastadas, fossos secos e aterrados, paliçadas em grande parte caídas pela deterioração das madeiras, foi este o quadro que apresentava o Forte Frederick Henrich, quando da chegada de Nassau a Pernambuco. Logo pode Nassau constatar a pouca defesa que em tais condições aquele forte poderia oferecer; e se tratava de um importante posto, pois era o único capaz de garantir água no caso de um cerco à cidade. Mandou alargar e aprofundar os fossos; construir uma contra-escarpa na face externa do fosso; alargar e elevar as muralhas; e do lado do mar, construir uma sapata. Posteriormente ampliaram as defesas externas, com a construção de novos fossos em direção ao sul.

    Quando da Restauração Pernambucana, o Forte das Cinco Pontas foi a última fortaleza a ser conquistada pelas tropas luso-brasileiras. Foi ainda no Forte das Cinco Pontas, onde se encontrava aquartelado o general Sigismund Von Schkoppe, que foram elaborados os termos da rendição das tropas holandesas. E a 28 de janeiro de 1654, na Campina do Taborda, o general Francisco Barreto de Menezes, recebeu oficialmente os termos de capitulação, quando ficaram definidos os moldes da evacuação dos holandeses de Pernambuco.

    Em 1847, o forte continuava em atividade e sua guarnição compunha-se de um capitão e 15 praças, e contava com 14 peças de bronze e 10 de ferro.

    Sua primitiva feição, em forma de pentágono, com cinco bastiões, que o tornou conhecido como Forte das Cinco Pontas, foi mais tarde substituída. Após a Restauração o forte foi reconstruído em pedra e cal pelo engenheiro Francisco Correia Pinto, então em forma de quadrado, com 4 baluartes.

    Posteriormente o forte foi transformado em quartel e prisão.

    Após as sucessivas reformas a que foi submetido, em 1637, 1684, 1822, 1904 e em 1979, - esta última correspondendo à restauração realizada através do convênio entre a SEPLAN e a SPHAN (atual IPHAN) -, a fortificação adquiriu suas feições atuais, que conserva o traçado regular e quatro bastiões poligonais.

    • Quanto ao tombamento: Tombado federal. Processo: 101-T-38. Livro Histórico Vol. 1 Folha 09 Inscrição 42 24/05/1938 e Livro de Belas Artes Vol. 1 Folha 18 Inscrição 101 24/05/1938.
    • Ocupação atual do sítio: Museu da Cidade do Recife.
    • Condições para visitação: Em área pública, de livre acesso.
    • Restrições à visitação: Sujeito a horário de visitação.
    • Estado de conservação: Bom estado (>75%).
    • Natureza dos remanescentes: Após as reformas impostas ao monumento, as estruturas remanescentes estão sendo preservadas.
    • Tipo de trabalho realizado: Foram realizadas escavações arqueológicas através da FUNDARPE. Forte restaurado; documentação fotográfica.
    • Medidas sugeridas: O forte vem sendo bem preservado.
    • Data da última avaliação: 11/02/98.
    • Fotografado em: 07-Dez-97.
    • Data mais recuada: 1630.