Arqueologia do Forte do Príncipe Guilherme

Archaeology of the Prince Guilherme Fort

  • Nome histórico: Forte Príncipe Guilherme.
  • Designação popular: Forte Príncipe Guilherme.
  • Outras designações históricas:
    • Forte Príncipe Guilherme;
    • Forte dos Afogados;
    • Forte Príncipe Willem;
    • Forte de Piranga.
  • Referências / identificação: Referência textual e iconográfica; obras de defesa não localizadas.
  • Capitania: Pernambuco.
  • Estado: Pernambuco.
  • Município: Recife.
  • Localização: Cidade do Recife, bairro de Afogados.
  • Localidade: Estava localizado onde é hoje o bairro de Afogados, provavelmente próximo a atual ponte do final da rua Imperial.

Histórico

O vale do Capibaribe, quando da invasão holandesa, era habitado pelos mais ricos da terra e ali havia pelo menos dezesseis engenhos. O acesso ao vale era ciosamente guardado pelas tropas da Resistência, e por idênticas razões, era avidamente buscado pelos invasores.

Tal era a importância econômica que representava o vale do Capibaribe, que os holandeses chegavam mesmo a considerar que a posse daquelas terras, equivaleria, em lucros, à metade de toda a Capitania. Por outro lado, as terras dos Afogados representavam, na prática, a porta de acesso àquelas várzeas. Fortificar os Afogados significava para os da terra, praticamente garantir o bloqueio às várzeas, impedindo aos holandeses, o acesso às riquezas da terra. Desde cedo havia se estabelecido o 'Passo dos Afogados' ou 'Passo de Francisco Barreiros', que atendia à produção de muitos engenhos em demanda ao porto. Nas suas imediações foram se instalando casas de moradia. Com a queda das fortificações do Recife, cuidaram os da Resistência de fortificar aquele passo, como um dos pontos de cerco com que buscavam conter o inimigo no litoral, afastados da zona de produção.

Por mais de uma vez, o "posto" da Resistência nos Afogados, foi acometido pelas tropas holandesas. O ataque realizado pelos holandeses em 10 de junho de 1631 foi energicamente repelido, mas o mesmo não sucedeu com o ataque que realizaram na madrugada de 18 de março de 1633. As tropas holandesas sob o comando do Coronel Remback lograram tomar de assalto o posto. Uma perda desastrosa para os da terra, pois não apenas deixava aberta a entrada para a várzea do Capibaribe, mas ainda assegurava aos holandeses o acesso ao Rio das Jangadas e o caminho para o sul da Capitania. A conquista daquele posto permitiria ainda aos holandeses flanquear pelo sul os demais postos de cerco, e ainda ter acesso ao Forte Real do Bom Jesus. O Forte Real do Bom Jesus, instalado afastado do litoral, e de onde partiam muitos dos caminhos para o interior, estava situado a igual distância de Olinda e do Recife. Dali partiam muitas das companhias de emboscada, e para lá acorriam as famílias em caso de necessidade.

Conquistada a praça dos Afogados, os holandeses não deixariam a área desguarnecida. Foi determinado que ali se construísse uma importante obra de defesa: o Forte Príncipe Guilherme, que os brasileiros denominavam Forte dos Afogados ou Forte de Piranga, uma denominação também associada à sua localização.

Deste Forte Príncipe Guilherme partiram os 400 holandeses que atacaram o engenho de Pedro da Cunha, na Várzea, sem entretanto lograr seus intentos. Ainda em 1633, sob o comando do Coronel Rembach, os holandeses tentam atacar o Forte Real do Bom Jesus. As companhias de emboscada foram ao encontro das tropas holandeses com pesada artilharia, e no combate ficou mortalmente ferido o comandante batavo, Coronel Rembach.

O forte construído pelos holandeses nos Afogados apresentava forma quadrangular com quatro baluartes completos, fortes muralhas e parapeito. No exterior das muralhas, duas banquetas e uma berma com paliçada. Além da paliçada, um largo fosso, mais profundo em umas faces que em outras. Uma porta abobadada dava acesso a seu interior onde havia bons quartéis, casa de pólvora e corpo da guarda. A casa do comandante, em um plano superior se assentava sobre a abóbada da porta. A artilharia era composta de 2 peças de bronze de 24 libras; 2 de 18 libras;1 de 12 libras; 2 de 8 libras; 2 de 5 libras; 2 de 3 libras; 1 peça de ferro de 6 libras e 1 de 5 libras.

O Forte Príncipe Guilherme não chegou a ser tomado durante a Campanha da Restauração. Quando em 1654 as tropas luso-brasileiras avançam sobre o Recife, os efetivos holandeses que guarneciam os fortes Príncipe Guilherme, Forte do Brum e Forte do Buraco, abandonam seus postos na noite anterior e se concentram em Recife. Deste modo, as tropas luso-brasileiras ocuparam aqueles postos sem combate.

Após a expulsão dos holandeses, alterou-se o sistema de defesa do Recife. Vários fortes foram destruídos ou simplesmente abandonados, entre eles o Forte dos Afogados. O Forte dos Afogados, abandonado até 1687, foi, por ordem do Governador João da Cunha Souto Maior, mandado reconstruir, mas em 1746 já não integrava o sistema de defesa da cidade.

No início do século XIX (aproximadamente 1813), o que restava do antigo forte foi demolido e o material provavelmente utilizado para o aterro de uma gamboa.

  • Quanto ao tombamento: Não é tombado.
  • Ocupação atual do sítio: Área provavelmente reocupada.
  • Tipo de trabalho realizado: Levantamento bibliográfico e iconográfico.
  • Fatores de destruição (provável): Agentes naturais e antrópicos. Área provavelmente reocupada.
  • Medidas sugeridas: Prospecção arqueológica sistemática, específica, ou ainda, prospecções arqueológicas eventuais, por acompanhamento das obras que se façam na área.
  • Data mais recuada: Primeira metade do século XVII.