Arqueologia do Forte de Santo Amaro das Salinas

Archaeology of the Fort of Saint Amaro das Salinas

  • Nome histórico: Forte de Santo Amaro das Salinas.
  • Designação popular: Forte de Santo Amaro das Salinas.
  • Outras designações históricas:
    • Casa de Rêgo.
    • Forte das Salinas.
    • Forte de Santo Amaro das Salinas.
  • Referências / identificação: Referência documental e iconográfica. Obras de defesa não localizadas.
  • Capitania: Pernambuco.
  • Estado: Pernambuco.
  • Município: Recife.
  • Localização: Entre Olinda e Recife, em área então alagada.
  • Localidade: Localizava-se nas proximidades de onde hoje se encontra o cemitério dos ingleses, no Recife.

Histórico

As várzeas do Beberibe formavam um vasto terreno alagável que se estendia da 'ribeira do mar até o varadouro', em Olinda. Eram os 'capins do Conselho', que cedidos em foro, eram explorados como salinas. Durante os primeiros momentos da fixação holandesa em Pernambuco, as salinas de Francisco do Rego Barros, com sua casa de vivenda próxima, se tornaram um importante posto no controle das ações de emboscada da Resistência. As emboscadas faziam parte de um plano de defesa que buscava conter os holandeses, mantê-los restritos à área que inicialmente haviam conquistado: Olinda e Recife. Para poder melhor observar os invasores e oferecer uma mais pronta ação, instalaram pontos fortificados em torno da área ocupada, e daí partiam para atacar tropas holandesas em movimento. A Casa do Rego, era um destes pontos, do qual partiam comandos de emboscada. Uma das missões em que se empenharam os que serviam naquele posto, foi a de tentar impedir a construção do Forte do Brum. A escassez de material para construção, no ístimo entre Olinda e Recife, onde seria instalado o Forte do Brum, obrigava os holandeses a se afastar em busca de madeira e faxina. As tropas de assalto estorvavam os holandeses, muitas vezes obrigando-os a recuar. Eram combates cruéis, em que muitas vezes, nem mesmo os mortos eram respeitados. De ambos os lados mutilavam-se os corpos; orelhas e narizes eram decepados, e em seguida espetados nas espadas como troféus.

Este posto permaneceu ativo até que foi atacado e incendiado pelos holandeses. Apesar da perda do posto, a área das salinas não foi abandonada pelos da terra, e as emboscadas continuaram. Em 1632, vários postos de resistência estavam instalados em torno de Olinda e do Recife, buscando impedir o acesso dos holandeses às áreas produtivas, os engenhos de açúcar. Um outro ponto foi fortificado nas salinas, as trincheiras de Luiz Barbalho. Uma outra casa que, fortificada, iria servir como reduto. Um reduto protegido com fosso, estacadas e parapeito, e guarnecido com três peças de seis libras. Dois artilheiros, atendiam ao reduto, sob o comando do capitão Barbalho, que contava ainda com outros homens que o assistiam.

Mas pouco a pouco os holandeses, em grande superioridade tanto em homens como em armas, foram se assenhorando da terra. Com a queda do Forte Real (Velho) do Bom Jesus e do Forte de Nazaré, os da Resistência foram obrigados a abandonar as terras invadidas.

A posição das salinas também se mostrava estratégica para os objetivos holandeses. Ali instalaram um forte ao qual chamavam de Soutpanne, e que os brasileiros continuavam a chamar das Salinas.

Mesmo com a presença do forte holandês Soutpanne, já em 1649, durante a Campanha da Restauração, os brasileiros instalaram nas salinas um novo ponto de defesa. Ali foi aberta uma trincheira, que mantinham sob a guarda do Capitão Apollinário Gomes Barroso. Foi infrutífera a tentativa holandesa de tomar aquela posição.

Em 1654, os holandeses, pressionados pela 'Campanha', estavam praticamente confinados ao Recife e Maurícia. Ali concentravam o grosso de suas tropas; uma área com um forte sistema de defesa implantado, que ainda representava uma firme posição de defesa da conquista que haviam levado a efeito. Quando os insurretos se dispuseram à tomada da cidade, o Forte das Salinas ou Soutpanne, por ser considerado o de menor resistência, foi o primeiro a ser atacado pelos luso-brasileiros. Comandava o forte Hugo Van Meyer, que além dos oficiais, contava ainda com mais de 70 soldados. O terço da infantaria holandesa que partira do Recife em socorro do forte, foi interceptado pela tropa sob o comando de Fernandes Vieira, e forçada a recuar, de volta ao Recife. Na madrugada seguinte, os holandeses, já sem esperanças de novos reforços, capitularam. A queda do Forte das Salinas marcou o início da retomada do Recife.

Terminada a guerra contra os holandeses, o Forte das Salinas foi mantido integrando o sistema de defesa da Cidade, mas em 1816 já se encontrava em ruínas. Nas suas proximidades foi erguida em 1681, pelo Morgado das Salinas, Francisco do Rego Barros, uma capela dedicada a Santo Amaro, santo que se comemora na data em que o forte holandês capitulara.

Comentários

A cartografia relativa ao ano de 1638, à época da dominação holandesa, registra o Forte das Salinas.

  • Quanto ao tombamento: Não é tombado.
  • Ocupação atual do sítio: Área provavelmente reocupada.
  • Estado de conservação: Não foram localizados vestígios das obras à superfície.
  • Tipo de trabalho realizado: Levantamento bibliográfico e iconográfico; prospecções arqueológicas.
  • Fatores de destruição (provável): Agentes naturais e antrópicos. Área reocupada.
  • Medidas sugeridas: Prospecção arqueológica sistemática, específica, ou ainda, prospecções arqueológicas eventuais, por acompanhamento das obras que se façam na área.
  • Data da última avaliação: julho de 1998.
  • Data mais recuada: Primeira metade do século XVII.