Arqueologia do Fortim de Catuama

Archaeology of the Fort of Catuama

O Fortim de Catuama localiza-se sobre um outeiro, próximo à barra norte do Canal de Santa Cruz, na Ilha de Itamaracá. Possui as seguintes coordenadas Latitude: 007° 41' 47,6" Sul e Longitude: 034° 50' 16,2" Oeste.

O litoral norte do atual Estado de Pernambuco é mencionado por diferentes documentos do século XVI, antes mesmo da divisão do território em Capitanias. Condições favoráveis à aportagem, reconhecidas desde o início do século XVI, fizeram com que a área nas proximidades da Ilha de Itamaracá fosse registrada na cartografia portuguesa desde cedo. Já em 1519, o planisfério feito em Sevilha e atribuído a Jorge Reinel, e um dos mapas do 'Atlas de Lopo Homem de Pedro e Jorge Reinel', cerca de 1519-22, fazem referência ao Rio de Pernambuco, ou Jussará, com seu porto.

O 'porto de Pernambuquo' é assinalado na porção continental, em frente da barra sul do canal que separa do continente a Ilha de "Ascensão" (Itamaracá). Próximo a este porto, em 1516, o Rei de Portugal mandara Cristóvão Jaques erguer "uma casa de minha feitoria" para o "trato do pau-brasil", onde mais tarde (1532) Pero Lopes de Souza erguera o Reduto dos Marcos, para a defesa da feitoria régia.

O acesso ao porto se fazia tanto através da barra sul - a Barra dos Marcos -, quanto através da barra norte - a Barra de Catuama. Estas mesmas barras davam acesso ao Rio Igarassu, através do qual chegavam as embarcações à Vila de Igarassu. Era ainda através do Canal de Santa Cruz que se desembarcava para a Vila Conceição, sede da capitania de Itamaracá, mais tarde cogitada para sede do governo holandês no Brasil. Durante os primeiros séculos, à medida que prosperava a Capitania de Pernambuco, aquela região contribuía com grande parte da pedra e da cal que iram ser utilizadas nas construções de Olinda. Tudo transportado pelas embarcações que trafegavam através do canal. Defendendo a barra sul, instalara-se o Reduto dos Marcos, enquanto que na barra norte se instalou, mais tarde, o Fortim de Catuama.

No diário de visita a Itamaracá do Imperador dom Pedro II (1859) encontra-se o seguinte relato: "ao meio dia menos 7 minutos estava defronte da Barra de Catuama com a Ponta do Seleiro à esquerda, à direita um fortim em ruínas e por detrás o pequeno Rio Taperioca, (talvez ita-pê-joc _ caminho de pedra de picar ou caminho de pedra ou pedras pontiagudas). Há currais que concorrem para entulhar cada vez mais o canal. Por detrás do fortim entra a gamboa do Carapari.". Referia-se, o Imperador, ao Fortim de Catuama, que fora o guardião do norte da Ilha de Itamaracá.

As prospecções arqueológicas realizadas pelo Laboratório de Arqueologia da UFPE na ponta norte da Ilha de Itamaracá, permitiram a localização de ruínas de uma estrutura de fortificação, que provavelmente correspondem aos vestígios remanescentes do antigo Fortim de Catuama. Os vestígios são de difícil identificação. Reconhece-se pelas descrições do local, e na memória de alguns populares que afirmam ter conhecido restos das paredes nas primeiras décadas do século XX. Em 1859, já se encontrava em ruínas.