A Casa de Banho
do Riacho Mulungu

As informações históricas referentes à Casa de Banho do Riacho Mulungu remontam a segunda metade do século XIX, época em que a Ilha de Fernando de Noronha funcionava como Presídio. Consta no Relatório sobre o Presídio de Fernando de Noronha apresentado na Revista do Instituto Archeologico e Geográfico Pernambuco, de número 27, pelo Cel. Antonio Gomes Leal, em 1887, a seguinte informação:

"duas pequenas casas ou quartos cobertos de telhas, servindo um de depósito d'água, e outro de banheiro dos officiaes e empregados." (LEAL, 1877:173)

Uma outra estrutura voltada a higiene pessoal referida na documentação, é a 'bica do cachorro' instalada na encosta, quase ao sopé da Vila dos Remédios. Segundo a documentação coeva, a bica era destinada ao banho dos prisioneiros, enquanto que a casa de banho do Riacho Mulungu era utilizada pelos funcionários do Presídio.

Ao longo do tempo a 'bica do cachorro' continuou a ser utilizada. A casa de banho, no entanto, teria entrado em desuso, em arruinamento, e sua existência perdeu-se na memória coletiva da população local. Atualmente já não resta entre a população consultada, mesmo entre os mais velhos da Ilha, a memória da existência de um local específico, fechado, destinado ao banho público.

Esta amnésia coletiva acerca da casa de banho referida na historiografia, não deixou sequer lendas urbanas quanto a sua localização ou episódios a ela relacionados. Assim, praticamente sem elementos historiográficos, ou mesmo de história oral, a busca por se identificar a localização daquele equipamento de uso coletivo por uma classe social, precisou ser confiada aos eventuais remanescentes arqueológicos.

Durante as escavações arqueológicas foram localizadas estruturas de diferentes cronologias e edificadas com diferentes tipos de material construtivo. As estruturas estavam cobertas por sedimento contendo grande quantidade de material arqueológico recente.

As estruturas mais antigas identificadas poderiam remontar aos séculos XVIII ou início do XIX. Entre elas se inclui a cacimba às margens do riacho Mulungu, um provável piso em pedras, além de uma mureta, que protegia a estrutura da cacimba das águas de enxurrada que desciam o riacho.

As escavações arqueológicas permitiram a identificação cronológica das estruturas (Ver tabela de cronologia) que receberam um numero de identificação individual (Ver planta – Casa de Banho) para um melhor entendimento da área estudada.

OBS: A denominação "Casa de Banho" refere-se apenas ao local onde as pessoas se banhavam, não tendo, portanto, a conotação de casa de banho utilizada em português de Portugal.