Archaeology of the Factory of Cristóvão Jaques
- Nome histórico: Feitoria de Cristóvão Jaques.
- Designação popular: Não é do conhecimento popular.
- Outras designações históricas: Sítio dos Marcos.
- Número de registro do sítio UFPE/LA: PE 0013-Ln.
- Referências / identificação: Referência documental; localizado através de prospecção e escavação arqueológica.
- Capitania: Pernambuco.
- Estado: Pernambuco.
- Município: Igarassu.
- Localidade: Barra dos Marcos.
- Localização: Situa-se às margens do Canal de Santa Cruz, que corre entre o continente e a Ilha de Itamaracá, no litoral norte do Estado de Pernambuco. Está localizado no continente, em frente à porção sul da Ilha. Partindo-se de Igarassu em direção a Itapissuma, o acesso se faz através de uma estrada de terra, onde existe uma placa "Motogear".
- Latitude: 007o 48' 31,7" Sul.
- Longitude: 034o 53' 20,8" Oeste.
Histórico
A preocupação portuguesa com a defesa das terras descobertas, manifestou-se desde cedo. As feitorias fortificadas representaram as primeiras iniciativas de caráter militar nas terras da América Portuguesa. Já em 1501, a expedição de Gaspar de Lemos teria fundado, neste mesmo ano, várias feitorias ao longo da costa do Brasil.
Coube a Cristóvão Jaques em 1516, por determinação real, a missão de erguer, na área conhecida como 'Porto de Pernambuco', "uma casa de minha feitoria" para o "trato do pau-brasil". Esta seria a primeira feitoria régia, no Brasil.
As feitorias consistiam, geralmente, em uma casa-forte defendida por uma caiçara ou paliçada, onde se abrigava um destacamento de soldados, colonos e degredados às ordens de um capitão de vigia. Ali eram estocados os produtos da terra, comercializados com os nativos, no aguardo da próxima embarcação que os levaria a Lisboa.
O efetivo que, naqueles tempos, permanecia na feitoria régia, poucas vezes excedia a uma dezena de homens.
Neste tempo, as costas das terras americanas estavam sendo palmilhadas por outros interessados em comerciar com os nativos, e as feitorias eram um alvo interessante já que estocavam produtos.
A feitoria de Cristóvão Jaques em diferentes ocasiões foi atacada por corsários, sobretudo franceses. Após vencer a fraca resistência que pode ser imposta pelos poucos homens a serviço da coroa portuguesa, auxiliados por alguns índios, desembarcaram os franceses da nau La Pellerine apossando-se da feitoria de Pernambuco. Pouco tempo depois partiam conduzindo um importante carregamento, que montava em cinco mil quintais de pau-brasil, trezentos de algodão, seiscentos papagaios, três mil peles de animais, trezentos macacos e muitas outras bugiarias.
Foi ainda nesta feitoria que, no ano de 1535, desembarcou Duarte Coelho, primeiro Donatário de Pernambuco, que com toda a gente que trazia iria desencadear o processo de ocupação e colonização das novas terras.
A feitoria serviria ainda de referencial na delimitação das Capitanias de Pernambuco e Itamaracá, pois, segundo as determinações régias, a 50 passos da "casa de minha feitoria" deveriam ser implantados os marcos divisórios das capitanias de Pernambuco e Itamaracá.
Comentários
A pesquisa arqueológica realizada pelo Laboratório de Arqueologia da UFPE possibilitou a identificação do local em que existira a Feitoria de Cristóvão Jaques Corresponde a um sítio a céu aberto, cujo material arqueológico se encontra distribuído desde a sub-superfície à cerca de 1,8m de profundidade. Compreende farto material cerâmico da tralha doméstica indígena, associado a material de origem colonial.
Ali tiveram lugar, em 1516, os primeiros contatos entre nativos "tupiguarani" e portugueses, integrantes da expedição de Cristóvão Jaques. O sítio arqueológico guarda testemunho do intercâmbio de elementos materiais das culturas e expõe a gradativa substituição dos elementos nativos pelos europeus.
- Quanto ao tombamento: Não é tombado.
- Ocupação atual do sítio: Os vestígios do sítio estão em propriedade particular. É feito controle da vegetação.
- Condições para visitação: Área particular, de acesso restrito.
- Restrições à visitação: Área de condomínio fechado.
- Estado de conservação: O sítio se encontra em estado vestigial.
- Natureza dos vestígios: Artefatos.
- Tipo de trabalho realizado: Escavação parcial, documentação fotográfica.
- Fatores de destruição: As mudanças na linha de costa, provocando o desbarrancamento das margens, põem em risco o sítio. A ação antrópica na área é um outro fator de destruição dos remanescentes deste sítio.
- Nível de risco de destruição: Risco iminente de destruição.
- Condições / recomendações p/ escavação: Embora parte do sítio tenha sido destruído pelo desbarrancamento, pelas construções adjacentes, restam espaços desocupados que permitem ampliar-se a área escavada.
- Medidas sugeridas: Contenção do desgaste da barranca pelo canal e aposição de placa indicativa.
- Data da última avaliação: 24-Abr-97.
- Fotografado em: 24-Abr-97.
- Data mais recuada: 1516